Nos consórcios de imóveis, por exemplo, havia em
janeiro mais de 390 mil cotas com crédito disponível.
Com reflexo claro da crise econômica, muitos cotistas de consórcios contemplados têm deixado à utilização de suas cartas de crédito para aquisição de bens como imóveis ou veículos para depois.
De acordo com dados de janeiro do Banco Central,
havia mais de 390 mil cotas contempladas de consórcios disponíveis para
utilização, no caso dos consórcios imobiliários contemplados. Para os veículos,
os consórcios de automóveis contemplados somavam quase 260mil. Ambos os
estoques de contas contempladas ficaram praticamente estáveis em relação a
janeiro de 2016, mas vieram de uma trajetória de alta de 6,22% e de 14,77%,
respectivamente, na comparação entre o começo do ano passado e o mesmo mês de
2015.
O diretor comercial da BB Consórcios, Paulo Ivan Rabelo, porém, vê com entusiasmo o adiamento da utilização das cotas de consórcios contempladas. “Devido ao perfil do cliente do consórcio não ser imediatista, entendemos que o produto tem cumprido seu objetivo no mercado”, diz.
Como o consórcio contemplado é corrigido.
Quando o consorciado é contemplado, ele tem até
o encerramento do grupo para utilizar o crédito. Até que isso ocorra, esse
valor estará aplicado no mercado financeiro e terá rendimentos líquidos a favor
do consorciado. A rentabilidade tem início até o terceiro dia útil após a
contemplação e término no último dia útil anterior ao da utilização do crédito.
Dentre os tipos de aplicação possíveis estabelecidas pelo Banco Central (BC),
os próprios consorciados escolhem, na primeira assembleia geral ordinária do
grupo, aquela que será utilizada no grupo.
Veja mais em: (blog.abac.org.br).
O consórcio, que funciona como um fundo, atrai pela
possibilidade de juros mais competitivos nos financiamentos. Os participantes
pagam parcelas mensais, que já embutem os custos desse crédito e, para ter o
direito a comprar o bem, precisam ser contemplados por sorteio ou lance (quando
desembolsam quantia maior do que os outros consorciados para esse fundo).
Caso o valor desse bem seja menor que o do crédito
disponível, é possível usar a sobra para pagar custos adicionais (como despesas
com cartório, no caso de um imóvel). Quando o valor do bem é maior que o do
crédito disponível, o contemplado deve arcar com a diferença.
É possível, ainda, sacar o dinheiro e usar para qualquer
outro fim, desde que o consorciado permaneça em dia com o pagamento das
parcelas.
Melhores condições. Para analistas, os custos adicionais de
aquisição (como as despesas com cartório, no caso de imóveis, por exemplo) e os
custos de manutenção fizeram o consumidor colocar o pé no freio. “A crise fez o
consumidor contemplado adiar a compra em busca de condições mais favoráveis”,
diz Paulo Roberto Rossi, presidente da Associação Brasileira de Administradoras
de Consórcios (Abac).
A entidade destaca, no entanto, que a adesão a esse tipo de
produto cresceu 4% em janeiro em relação a igual mês do ano passado. O maior
crescimento observado pela Abac foi nas adesões aos consórcios de serviços, com
alta de 47%. Para veículos pesados, houve aumento de 23%, seguido por um avanço
de 14,7% em imóveis e de 8,6% em veículos leves. Na modalidade outros bens
duráveis (que abarca eletrônicos, por exemplo), houve recuo de 12,5%. Nos
consórcios para a compra de motocicletas, a queda foi de 2,7%.
O analista de sistemas Leonardo da Silva Júnior foi
contemplado após oito meses em um consórcio para a compra de uma motocicleta.
No entanto, ele mudou de planos e decidiu usar o crédito para a troca de seu
automóvel. Porém, por ainda estar pagando as parcelas desse veículo, ele
preferiu esperar. “Na hora certa, quando quitar e vender o meu carro, compro um
novo com o dinheiro do consórcio”, diz.
Pedro Orlandi, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar, antigo IBCPF), diz que o consumidor precisa ter claro o seu objetivo ao entrar em um consórcio para não perder o chamado custo de oportunidade. “Às vezes, é mais vantajoso fazer uma aplicação em renda fixa, por exemplo, que pode ter rentabilidade maior”, diz. Ele ressalta, no entanto, que não existe uma “regra de ouro”
Fontes:http://economia.estadao.com.br - www.abac.org.br